As úlceras de origem vasculogênica também conhecidas como úlceras de perna são caracterizadas pelo fluxo sanguíneo reduzido através dos vasos sanguíneos periféricos (superficial, profundo ou ambos), sejam capilares, veias ou artérias. As alterações nos vasos sanguíneos nos níveis arterial, capilar e venoso podem afetar os processos celulares e levar a formação de úlceras.

A úlcera de membros inferiores pode ser definida como uma síndrome caracterizada pela perda regular ou irregular da derme ou epiderme, podendo atingir o tecido subcutâneo e os tecidos subjacentes, acometendo as extremidades dos membros inferiores cuja causa está comumente relacionada ao sistema vascular arterial ou venoso.

Diversos processos patológicos, incluindo distúrbios e deficiências metabólicas, podem resultar na formação de úlceras de membros inferiores. É causada geralmente por disfunção do sistema vascular arterial ou venoso. Como principais causas desse tipo de úlcera, destacam-se a hipertensão venosa crônica, geralmente desencadeada pela incompetência das válvulas do sistema venoso profundo, superficial ou perfurante, e a doença arterial, decorrente da oclusão por aterosclerose, o que resulta em isquemia tecidual, e a combinação de hipertensão venosa crônica e doença arterial propicia o surgimento das úlceras mistas.

As úlceras vasculogênicas podem ser classificadas como venosas, arteriais e mistas.

Úlcera Venosa: Sua origem decorre da hipertensão venosa crônica, causando alterações na microcirculação, provocando danos nas paredes dos vasos, aumento na permeabilidade capilar e liberação de macromoléculas, acarretando alterações cutâneas como edema, eczema, hiperpigmentação e lipodermatoesclerose resultando em ulceração do tecido. Frequentemente acomete terço médio distal da perna, principalmente nos maléolos mediais, pode ser caracterizada como superficial ou de espessura parcial (não se estendendo abaixo da epiderme e da derme), formato irregular, podendo ser múltipla. É importante relatar que o edema sempre estará presente e comumente pouco dolorosa. Sua evolução é lenta, de grandes dimensões, e apresenta exsudato (líquido com alto teor de proteínas séricas e leucócitos, produzido como reação a danos nos tecidos e vasos sanguíneos) moderado a excessivo;

Úlcera Arterial: são causadas pela insuficiência arterial, predominantemente pela aterosclerose (doença degenerativa sistêmica que causa a diminuição progressiva da luz vascular de maneira lenta e insidiosa), leva a obstrução progressiva das artérias, acarretando isquemia. Caracterizada por palidez e redução da temperatura no membro afetado, diminuição ou ausência de pulsos periféricos, diminuição ou ausência de sensibilidade, claudicação intermitente (dor provocada pela atividade e aliviada após o repouso) e dor em repouso. As úlceras apresentam leito pálido, com necrose resultante da isquemia de um membro, podendo ser irreversíveis. As úlceras arteriais localizam-se em dedos, pé, calcâneo lateral da perna, tem rápida evolução, são profundas, de coloração pálida e margens bem definidas, são pequenas em tamanho e extremamente dolorosas, não apresentam edema e pouca quantidade de exsudato;

Úlcera Mista: A úlcera mista é a conjugação das úlceras venosa com as úlceras arteriais. Estas úlceras colocam um problema difícil dado que o edema necessita ser controlado, mas a compressão forte está contraindicada na presença de doença arterial grave. São lesões de características irregulares, podendo ser pouco ou muito exsudativas, há mudança no padrão da dor e apresenta características inconclusivas.

Para úlcera de origem venosa: Repouso, elevação dos membros de 15 a 20 cm dos pés da cama, a cada 2 horas realizar repouso com o membros elevados durante 15 a 20 minutos, fisioterapia, caminhar, utilizar terapias compressivas elásticas;

Para úlceras de origem arterial e mista: Reduzir fatores de risco, como controle de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, redução da obesidade com alimentação adequada, caminhar até limite de tolerância, evitar traumas em membro afetado, manter membros abaixo do nível do coração, para este tipo de lesão está contraindicado o uso de terapias compressivas.

A prevenção deve incluir mudanças no estilo de vida como cessação do tabagismo, prática de exercícios diários, controle de peso e alimentação balanceada. Pode ser indicado o tratamento medicamentoso para controle da hipertensão arterial sistêmica, da intolerância à glicose, do diabetes mellitus e das dislipidemias. Avisar sempre o aparecimento de bolhas, cortes ou arranhões, não utilizar sapatos apertados ou largos demais e sandálias com tiras entre os dedos, inspecionar o calçado antes de usá-lo, usar meias macias, sem costuras e de algodão, realizar hidratação do pés, cortar as unhas sempre retas e não arredondadas.

Para o tratamento tópico, além da implementação da limpeza é importante usar coberturas não aderentes capazes de propiciar o desbridamento, absorver o exsudato e criar um ambiente propicio para o desenvolvimento do processo de cicatrização, fornecer um ambiente oclusivo com baixa taxa de microrganismos e com umidade e temperatura fisiológicas, o que reduz o tempo de cicatrização. Para tratamento de úlceras venosas a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular recomenda a associação dos curativos com algum tipo de terapia compressiva, independente da técnica ou do material empregado, cita-se a compressão como peça chave para tratamento conservador de úlceras venosas.

Em contrapartida já nas úlceras arteriais e mistas está contraindicado o uso de compressão associada ao tratamento tópico.